Julho Turquesa: campanha alerta para impacto do olho seco na qualidade de vida

 


Entrevistada: Dra. Tais Hitomi Wakamatsu, presidente da APOS

No mês de julho, a campanha Julho Turquesa chama atenção para uma condição ocular crônica ainda pouco reconhecida, mas que afeta milhões de brasileiros: a doença do olho seco. Promovida pela APOS - Associação Brasileira dos Portadores de Olho Seco, a iniciativa busca ampliar o conhecimento sobre o problema, combater o subdiagnóstico e garantir que os pacientes tenham acesso a tratamento adequado. Em entrevista ao canal deCOMSAUDE Entrevista, a Dra. Tais Hitomi Wakamatsu, presidente da APOS, destaca os desafios enfrentados e os avanços na área.

A escolha da cor turquesa simboliza o cuidado com o filme lacrimal, componente essencial da saúde ocular. Segundo a presidente da entidade, o objetivo da campanha é romper com a ideia de que o olho seco é apenas um incômodo leve e reforçar que se trata de uma condição que exige atenção, acompanhamento médico e, muitas vezes, terapias específicas.

Entre os sintomas mais comuns estão a ardência, sensação de areia nos olhos, lacrimejamento excessivo, fotofobia e visão borrada — que melhora ao piscar. O cansaço ocular ao usar telas também são frequentes, e em muitos casos o desconforto se torna crônico. “É uma doença que pode afetar a produtividade, o sono, a autoestima e até a saúde mental”, alerta a presidente da APOS.

O aumento dos casos de olho seco está diretamente relacionado ao estilo de vida moderno. O uso intenso de telas, a exposição prolongada a ambientes climatizados, o envelhecimento da população e o uso de medicamentos que interferem na produção lacrimal, como antidepressivos e anti-histamínicos, estão entre os principais fatores. Doenças autoimunes e alterações hormonais, especialmente na menopausa, também contribuem para o agravamento do quadro.

Frente a esse cenário, a atuação da APOS tem sido estratégica. A associação produz materiais educativos, promove campanhas públicas, articula com entidades médicas para inclusão da doença nas diretrizes clínicas e defende o acesso a exames e tratamentos ainda indisponíveis na rede pública e em muitos planos de saúde. Além disso, a entidade tem investido em formação continuada para profissionais da área, com foco no diagnóstico precoce e no encaminhamento adequado dos casos.

Nos últimos anos, o entendimento sobre o olho seco evoluiu. Hoje, se reconhece que se trata de uma doença crônica que ocorre quando há uma perda do equilíbrio (homeostase) do filme lacrimal ou da superfície do olho. Isso pode causar ardência, vermelhidão, visão borrada e sensação de areia nos olhos, e está ligado a inflamação, instabilidade da lágrima e alterações na sensibilidade ocular. 

Entre os avanços mais recentes estão as terapias personalizadas, o uso de tecnologias como luz pulsada intensa (IPL), terapia termo mecânica e radiofrequência, colírios com formulações inovadoras, e até o uso de derivados sanguíneos como o soro autólogo e o PRP (plasma rico em plaquetas). Em casos graves, intervenções cirúrgicas e uso de membrana amniótica podem ser indicados.

Apesar dos progressos, persistem desafios como o subdiagnóstico, a escassez de exames especializados e a limitação na cobertura dos tratamentos por planos de saúde. “Ainda falta preparo para identificar e conduzir adequadamente os casos desde os primeiros sinais”, explica a dirigente.

A mensagem final da campanha é direta: sintomas como ardência, desconforto ou sensação de areia nos olhos não devem ser ignorados. “Cuidar do seu filme lacrimal e da superfície ocular é cuidar da sua qualidade de vida”, reforça a Dra. Tais. Ela convida a população a buscar atendimento oftalmológico e destaca que a associação está ao lado dos pacientes, oferecendo apoio, informação de qualidade e luta por mais acesso ao cuidado.

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