“SEM VALORIZAÇÃO MÉDICA, A QUALIDADE DO ATENDIMENTO ESTÁ EM RISCO”, ALERTA APM
Entrevista com os Drs. Marun Cury e Florisval Meinão, diretores da APM
A relação entre médicos e operadoras de planos de saúde atravessa um dos momentos mais críticos das últimas décadas. Reajustes insuficientes, contratos que fragilizam a autonomia profissional e pressões por metas de desempenho têm gerado desgaste crescente. Para enfrentar esse cenário, a APM - Associação Paulista de Medicina iniciou uma nova rodada de reuniões com as principais empresas do setor e entidades representativas.
“Os reajustes anuais são quase sempre inferiores à inflação, obrigando os médicos a ampliar o número de atendimentos apenas para cobrir custos básicos. Isso compromete a essência da prática médica, que deve ter como prioridade o cuidado ao paciente”, afirma o diretor de Defesa Profissional da APM, Dr. Marun Cury. Ele lembra que a Lei 13.003/2014, ao invés de fortalecer a negociação, acabou criando contratos de adesão que enfraquecem a classe médica.
As reuniões têm contado com a presença das maiores operadoras do país e receberam apoio institucional do deCOMSAUDE da Fiesp. “A desvalorização médica não atinge apenas os profissionais; ela chega diretamente ao paciente, que sofre com rotatividade de médicos, mudanças constantes em hospitais e laboratórios e perda da continuidade no cuidado”, ressalta o ex-presidente da APM, Dr. Florisval Meinão.
A APM aponta que o principal desafio é garantir que as empresas entendam que qualidade e segurança do paciente devem prevalecer sobre qualquer interesse econômico. “Enquanto persistirem práticas de sub-reajustes e interferências na autonomia médica, a excelência do cuidado permanecerá comprometida”, completa Cury.
A expectativa é que os próximos encontros resultem em reajustes que recomponham os honorários, preservem a autonomia profissional e promovam equilíbrio entre todos os atores da saúde suplementar. “Convidamos nossos colegas a se engajarem. Só com união e participação ativa será possível conquistar avanços reais”, conclui Meinão.
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