REUNIÃO DO CONFEM ABORDA A SAÚDE MENTAL FEMININA


O CONFEM – Conselho Feminino da Fiesp, trouxe à tona a complexidade da saúde mental feminina e os desafios do ambiente laboral moderno em um encontro que reuniu especialistas de diversas áreas. Entre os destaques, as palestras de Claudia Cohn e José Miranda aprofundaram a discussão sobre políticas públicas, prevenção de adoecimentos mentais e a aplicabilidade da NR-01 no contexto industrial.

Para Claudia Cohn, os números são alarmantes: em 2023, o Brasil registrou cerca de 14 mil suicídios, 96% deles relacionados a adoecimentos psíquicos. “Quando falamos de saúde da mulher, estamos nos preparando para cuidar de filhos, sobrinhos, alunos… mas precisamos também cuidar de nós mesmas”, afirmou. Cohn destacou ainda os sinais de alerta apontados pela Organização Mundial da Saúde – crises de choro, insônia, estresse intenso e uso de substâncias psicoativas – e ressaltou a importância da rotina e do acompanhamento preventivo.

Segundo ela, apesar de avanços como a Política Nacional de Atenção à Saúde da Mulher, programas de prevenção e a legislação vigente, apenas 25% da população feminina está efetivamente assistida. “O grande ponto de discussão é que a saúde mental da mulher precisa estar integrada à sua jornada de vida, não ser tratada como algo secundário”, completou.

O engenheiro de segurança José Miranda abordou a NR-01 e o gerenciamento de riscos psicossociais, incluindo assédios no ambiente de trabalho. Miranda explicou que as empresas precisam identificar fatores de risco, como papéis ambíguos, baixa autonomia, alta pressão psicológica e isolamento social, além de criar canais eficazes de denúncia. “Uma equipe unida é resistente a fatores de assédio. É preciso prevenir, identificar e eliminar a violência no trabalho”, destacou.

Entre os exemplos práticos apresentados, Miranda citou medidas como apoio social de chefia e colegas, latitude decisória, equilíbrio entre demandas psicológicas e ritmo de trabalho, além da importância da CIPA na prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

Outros palestrantes também contribuíram para a discussão:

Dra. Albertina Duarte Takiuti abordou os desafios da saúde mental da mulher ao longo dos ciclos de vida.

Gracia Fragalá discutiu como as mudanças no mundo do trabalho, incluindo a economia de aplicativos e a substituição de tarefas por inteligência artificial, impactam a saúde mental.

Karina Teodoro falou sobre educação e psicoeducação para preparar mulheres para lidar com pressões e adversidades.

Dra. Fabiane Berta apresentou o estudo My Pausa, destacando a importância de informações confiáveis sobre menopausa e saúde mental.

Mara Ferraz apresentou o projeto Mulher Menos Pausa, que busca promover saúde física e mental, longevidade e bem-estar feminino.

O evento reforçou que, diante de transformações no trabalho e desafios específicos da saúde feminina, políticas públicas, legislação e ações preventivas precisam caminhar lado a lado para garantir bem-estar, inclusão e equidade.


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